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sábado, 15 de maio de 2010

Discurso da Tante Loli - 2ª parte

(complementação do discurso da Tante Loli - 2ª parte)

Em Dresden ela conheceu o Paul Eduard Max Meinicke. Casaram e foram morar em Riesa-Sachsen. Como e quando eu não sei. Só que no ano de 1896 nasceu minha mãe, Lucie, em Riesa e o Opapa trabalhava lá como Gerichtsvollzieher (Oficial de Justiça)

O motivo e a data da imigração me é desconhecida. O passaporte está datado de março de 1900. E dia 03 de maio de 1900 o Opapa já lecionava em São Bento. Os navios naquela época eram pequenos e levavam muitas semanas para chegar aqui. Com dois filhos, o Hermann de 10 anos e a Lucie com 3 anos, chegaram de navio em São Francisco do Sul, onde pernoitaram em um Rancho para os Imigrantes. Dormiram em cima de palha e à noite uma cobra entrou perto de onde eles dormiam. Que susto eles levaram! No dia seguinte subiram pela velha estrada com uma carroça, “Planwagen” (que tem um toldo de lona por cima), até São Bento. Opapa começou a lecionar, mas teve muitas saudades. Ele queria voltar, assim colocou uma caixa de papelão sobre a mesa, pegou a Omi na mãe e disse:” Agora vamos tomar uma cerveja”. Ele colocou o dinheiro na caixa ao invés de tomar a cerveja. Assim passou muito tempo e um dia ele disse que iria ficar aqui. Semanas depois veio uma carta contando que o pai tinha falecido justamente no dia em que o Opapa resolveu ficar aqui. E nunca mais o Opapa tocou no assunto de voltar.

Em São Bento fundou a primeira orquestra, e, em um café em São Bento vi a foto desta orquestra uns 34 anos atrás e fiquei emocionada. Opapa lá também dirigiu um Coro misto e quando ele e a Omi iam ao ensaio a minha mãe (Lucie), ainda pequena, tinha que cuidar dos irmãos. Opapa deu uma corneta a ela e falou que se acontecesse algo era para ela ir ao sobrado e tocar bem alto. De tanto medo minha mãe não dormia. Ele também ensaiava peças teatrais e Omi era a mocinha do enredo. Opapa foi muito ciumento e vigiava as cenas de amor, que antigamente eram bem inocentes. Ele dizia:”Se um olhar ou chegar muito perto de ti, eu pego um revólver e dou um tiro nele”. Lógico que nunca aconteceu. Ele lecionou de 3 de maio de 1900 até 20 de março de 1907, em São Bento.

Eles mudaram de São Bento para Hansa Humbold, e lá ele, também, deu aula, de 1907 até 1908. De lá foram a Indaial onde foi professor, Presidente da Comunidade Evangélica, Diretor de um Coro e do Clube de Caça e Tiro “Schützengilde”. Formou uma orquestra escolar e tinha outra profissão ao lado: dentista. Era conhecido como um ótimo dentista, que tinha mão leve para extrair os dentes e fazia ótimas dentaduras. A Omi ajudava em tudo. De 1926 a 1929 foi professor em Joinville e tomou parte nos Bombeiros Voluntários (os primeiros de Joinville) onde foi Sanitäter (enfermeiro). No Museu de Joinville ele está numa foto que a Elisabeth Meinicke e eu vimos. Até 1928 a Omi ainda tomou parte em peças teatrais. Ao todo o Opapa foi professor durante 32 anos em escolas teuto-brasileiras. Por motivos de saúde ele se aposentou no dia 1. de julho de 1931.

Como vocês sabem moraram depois em Timbó onde construíram uma casa, que até hoje ainda existe.

O Opapa faleceu no dia 8 de setembro de 1934 e a Omi sobreviveu a ele por longos anos e faleceu no dia 1º de abril de 1960 em Timbó. Na velhice ela ficava sempre um tempo na casa do filho Hermann, em Matador e depois ia para a casa do filho Max, em Pomerode. Os últimos anos de vida ela ficou em nossa casa com a filha Lucie, em Itajaí.

Eles tiveram 5 filhos:

Primeiro filho Hermann, casado com Marie, nascida Hunold, que tiveram também 5 filhos: Max, Heinz, Wanda, Cecilie e Lucie.

Segundo filho: Max, casado com Sofie, nascida Reinhold, teve três filhos: Horst, Elvira e Mário.

Terceiro filho Américo: casado com Lieselotte, nascida Kubsch, teve três filhos: Paula, Elisabeth e Américo.

Agora filha Lucie, casada com Adolf Blaese, com dois filhos: Dagobert e Isolde.

Filha Elvira casada com Richard Paul teve três filhos: Richard, Max e Henry. Elvira faleceu muito jovem.

Os filhos, genros e noras de Opapa e Omi já são todos falecidos.

Enfim, como eram o Opapa e a Omi? Muitos de vocês ainda se lembram, não é? Paul Eduard Max Meinicke foi alto, de porte elegante, correto, muito pontual, 100% no trabalho, tocava vários instrumentos (violino, piano, órgão, flauta, pistão, corneta, contra-baixo, violoncelo e tambor), a música estava nas veias dele. Fazia também poesias. Com a sua voz sonora, cantava muito bem. Era bondoso (talvez até demais!) e muitos se aproveitavam disso, e ainda hoje há dinheiro a receber que ele emprestou, ou pelas dentaduras que fez. Gostava de trabalhar em artes manuais. Ele detestava quando a Omi fazia faxina em casa, aí xingava e explodia, mas 5 minutos depois já estava bom. Assim, a Omi levantava de noite quando todos dormiam e limpava a casa. Que boa esposa ela foi!

Omi (Auguste Pauline) foi pequena, bonita, humilde, simpática, trabalhadeira e aonde ela ia fazia logo amizade. Gostava de contar histórias e todos nós quando crianças adoramos isto. Omi gostava de cozinhar, fazer pães e bolos. Uma delícia o pão-de-ló biscuit que ela fazia com 5 dúzias de ovos. Opapa fez um batedor grande para ela bater tanta clara em neve. Omi tocava bem piano e cantava bem. No palco foi uma artista. Também bordava e costurava. Ela tinha um sexto sentido, sabia antecipadamente quando algo acontecia. Como o salário de um professor era pouco, ela apesar dos 5 filhos ainda aceitou mais 5 crianças como alunos, pois elas pagavam uma mensalidade e assim entrava um pouco mais de dinheiro. Porém sem empregada o trabalho aumentou.

Opapa e Omi eram educados e cultos. Nossos corações estão cheios de gradidão para com eles. Esta reunião de família é a prova de que nunca os esqueceremos. Vamos nos alegrar hoje e procurar conversar com os parentes aqui presentes. Os netos e bisnetos da irmã Elise do Opapa, as Famílias Hans e Rainer Spöhrer de Waltershausen-Thüringen enviam abraços. Aliás a bisneta Mirjam já esteve aqui de visita no Brasil. Por motivos particulares eles não puderam vir.

Chegou a hora de agradecer ao Casal Horst e Iris Meinicke, de Pomerode, que com grande entusiasmo, interesse pela crônica da Família Meinicke, desempenho, carinho e dedicação, fizeram tudo. O Horst até tirou férias, veio várias vezes a Itajaí para falar comigo e até as filhas Rose Marie, Rose Anne e Cristine entraram na roda, tudo para organizar esta festa. Devemos, pois a eles, por estarmos hoje aqui reunidos. Obrigada! Danke!.

Agradecemos, também, ao Nelson Schlup, de Porto Alegre, que batalhou junto com o Horst trocando idéias, datas pela internet, para lá e cá, que quase a internet pegou fogo. Nelson, obrigada! Danke!

Pedimos desculpas por qualquer falha que houve e por favor, se alguém souber algo mais sobre o nosso Opapa (Paul Eduard Max Meinicke) e Omi (Auguste Pauline), que conte para nós. A palavra está livre. E que tal uma outra reunião em 2 anos? Quem quer organizar a próxima reunião?

Finalizando, peço que todos fiquem de pé. Nós vamos todos rezar um Pai Nosso pelas almas de nosso Opapa e Omi Meinicke, pais, tios, tias e demais parentes, pedindo a Deus, que eles descansem em paz.

“Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas dívidas, assim como nós, também, perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixeis cair em tentação. Livra-nos do mal, pois teu é o Reino, o Poder e a Glória, para sempre. Amém.”

Assinado: Isolde Blaese Drews

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